sexta-feira, 30 de maio de 2008

"Você era minha felicidade"

Pitty - Na Sua Estante





Ele nunca a tratou como ela merecia. E por isso ela o deixou. Ela não conseguia mais amá-lo; todo o amor que um dia ela sentiu por ele esvaiu-se. Ela não era forte o bastante para aquilo. Nem ele era, ele só não sabia ainda.
Um dia ele finalmente soube, e era tarde. Tarde demais. Ela estava feliz, coisa que nunca foi com ele. Ele procurou outras maneiras de se livrar da dor que sentia; hobbies, mulheres, drogas. Mas NADA fazia aquela dor passar. Ele só queria ser feliz também, mas não conseguia, sua felicidade era ela, e ele não soube como manter.
Naquela tarde ele estava sozinho em casa. Ele certificou-se que ninguém chegaria cedo. Estava certo de que fazer aquilo era melhor, mas o medo aflorava sua pele. Contou os vidros, estavam todos ali. Ele nunca achou tão útil sua mãe ser uma surtada. Não iria doer nada, ele tomaria os comprimidos e dormiria, e dor sumiria pra sempre. Ele fez, tomou todos os comprimidos e deitou na sua cama. Deixou apenas um bilhete que dizia “Você era minha felicidade”.
Mas, nada acontece por acaso, e naquele dia ela havia acordado angustiada, sabia que algo ruim aconteceria. Tentou se concentrar no trabalho que ela havia trazido pra casa, mas não adiantava, sua mente viajava, ia pra longe. E todos os seus pensamentos acabavam NELE. Ela decidiu ligar, mas o celular dele estava desligado. Ela sabia que ele estava na casa dos pais, e decidiu passar lá.
Chegando lá a porta não estava trancada, o que a assustou bastante. Ela atravessou a sala e subiu as escadas, e caminhou na direção do antigo quarto dele. Quando entrou, ele estava deitado na cama dormindo. Ela tentou acordá-lo, mas ele parecia sedado. E então ela viu. Os vidros de comprimidos estavam vazios e jogados no chão, e só agora ela havia notado o bilhete.
Chamou a emergência. “Fica comigo, fica comigo” ela falava baixinho.

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