segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Vota mulher!

Indo de carona com o que está acontecendo no país, eu não poderia deixar de comentar as eleições, claro. Mas eu não vou falar da nojenta política brasileira. Não tenho estômago para isso. Eu vou falar sobre a luta da mulher no direito do voto. Semana passada assisti ao filme Iron Jawed Angels, que conta a história de Alice Paul e suas companheiras sufragistas.

Elas lutaram em defesa do direito da mulher americana ao voto no início do século passado. No filme mostra o tamanho do preconceito que elas sofreram, e todas as injustiças que elas passaram. Eu passei a ver, e a valorizar, os direitos que possuo de outra forma. Entendi que para eu poder xingar os políticos hoje, outras sofreram no passado, tiveram que abdicar de suas vidas, sua liberdade.

Bom... recomendo o filme, aconselho a mulherada pensar bastante antes de votar para não fazer besteira.

;*

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ninguém venha me dar vida

Ninguém venha me dar vida,
que estou morrendo de amor,
que estou feliz de morrer,
que não tenho mal nem dor,
que estou de sonho ferido,
que não me quero curar,
que estou deixando de ser,
e não quero me encontrar,
que estou dentro de um navio,
que sei que vai naufragar,
já não falo e ainda sorrio,
porque está perto de mim
o dono verde do mar
que busquei desde o começo,
e estava apenas no fim.
Corações, por que chorais?
Preparai meu arremesso
para as algas e os corais.
Fim ditoso, hora feliz:
guardai meu amor sem preço,
que só quis quem não me quis.

Cecília Meireles

sábado, 20 de setembro de 2008

Deixa eu pensar, por favor...

Evanescence - Weight of the World

Algumas vezes eu me sinto assim... com o peso do mundo nas costas. Não literalmente o mundo, afinal eu não sou presidente dos Estados Unidos, nem da ONU. Mas sentindo que as minhas decisões não afetam apenas a minha vida, afetam as pessoas a minha volta. O problema é que não se pode querer agradar a todos, algumas vezes eu vou machucar alguém, e não vai ser por isso que eu vou me tornar um monstro.

Não é certo eu basear minhas decisões naquilo que os outros querem, ou acham certo para mim. Afinal, quem vai ter que agüentar as conseqüências sou eu.

Então... deixe minha cabecinha livre para avaliar, pesar e decidir tudo o que eu precisar. Não me pressione, odeio que me façam isso.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Prêmio Dardos *-*

Eu tô toda boba com o prêmio, sorriso de orelha a orelha... ;D


Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, que de alguma forma demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.
Esse presente super-especial eu ganhei de uma menina demais, a Vanessa. Ela escreve no blog Mulher é tudo maluca, é incrivel como eu me identifico com tudo que ela escreve...

Então.. como manda a tradição, tem que passar em frente. Lá vai:
Darsh: os blogs dela são inspiração pra mim. Ela é definitivamente uma pessoa com o dom de escrever, e eu acho que ela vai acabar escrevendo um livro ainda. O prêmio vai não só pro blog dela, como também vai para o blog que ela escreve com outras meninas, o Batata Quente. Dá só uma espiada e me diz se ela não merece?!
Ti: o blog tem pouco tempo, mas ele mostrou que já sabe a que veio. Ele tem discutido temas polêmicos de uma maneira única, carregado de sarcasmo. Ele merece!
Francine: o blog dela é muito bom. Ela tá sempre por aqui no flor. E as dicas de filme dela são ótemas. Muito merecido, com certeza.
Anna O.: e as meninas que junto com ela escrevem o Divã rosa choque. Elas arrasam, é o tipo de blog que não dá vontade de parar de ler. Bom demais!!! Elas merecem!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Meme...

Uma memória de infância...
férias na apcef, em Floripa.
Sua novela preferida...
O Cravo e a Rosa.

Sua referência como escritor...
Clarice Lispector, William Shakespeare, Carlos Drummond de Andrade, Érico Veríssimo.

Um herói (ou heroína) de novela inesquecível...
Maria Eduarda, personagem da Ana Paula Arósio em "Os Maias".

O maior vilão (ou vilã) de novelas em sua opinião...
Pode ser de filme? Aí seria o Palpatine, do Stars Wars.

Na pele de quem gostaria de passar um dia?
De algum homem, pra entender como eles pensam.

Que profissão sempre sonhou em seguir?
Alguma que tenha a ver com MODA.

Dias de sol são bons para...
Olhar o mar.

Dias de chuva são bons para...
Tomar banho de chuva, ou dormir, depende da temperatura.

Um livro...
Bíblia.

Uma canção que marcou sua vida...
Ilari ê, da Xuxa, desde pequenininha cantam ela pra mim.

O filme que você não se cansa de ver...
Têm vários!! hauhauahuaha
Um amor para recordar, Da magia a sedução...

Uma mulher bonita...
Liv Tyler

Um homem bonito...
Johnny Deep

Uma frase...
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade." Carlos Drummond de Andrade

Uma extravagância...
Viajar quando der vontade.

Um arrependimento...
De ter tido, e ter, tanto medo de errar.

Um sonho de consumo...
Closet cheio de sapatos!!! *-*

A palavra mais bonita da língua portuguesa...
Abraçar. Verbo claroo... porque o mais bonito dela é praticar.

O que gostaria que fosse escrito em sua lápide?
Amou e foi amada intensamente. Detalhe.. não quero lápide... eu quero ser cremada.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Eu sou a Coisa, coisamente.


EU ETIQUETA

Carlos Drummond de Andrade


Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comparo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

sábado, 6 de setembro de 2008

Crescer...




"Crescer é perder o direito às certezas, andar às cegas, lançar-se à bruma, conhecer os disturbios dos desejos."

Carmen Vasconcelos


Crescer me fez perder todas as certezas que eu tinha... me fez deixar de acreditar que tudo é possível... me fez enxergar os defeitos dos meus heróis.


A inocência foi expulsa de mim, com a mesma velocidade que a realidade me foi imposta. Eu não pedi para ver a verdade, ver o mundo feio e cruel. Eu era feliz achando que podia consertar tudo, que a vontade bastava. Não é justo, mas é como a vida acontece.


As crianças de hoje já não têm a mesma ilusão. E eu realmente acho isso uma pena. Criança tem que sonhar, imaginar, criar, experimentar... Tem que ter aquele brilho no olhar; porque se elas não tiverem, quem mais vai ter?


Quero manter, para sempre, esse olhar que não se foi. Ainda herança dessa infância que faz pouco que perdi.


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Sou terra...

Quarta é dia de poesia... então, hoje, sendo quarta-feira, vai ter mais uma.

Dez Chamamentos ao Amigo
Hilda Hilst

Se te pareço
noturna e imperfeita
olha-me de novo
porque esta noite
olhei-me a mim
como se tu me olhasses
E era como se a água
desejasse
escapar de sua casa que é o rio
e deslizando apenas
nem tocar a margem
Te olhei. E há tanto tempo
entendo que sou terra...
Olha-me de novo
com menos altivez
e mais atento.