A cama estava desfeita, o café estava quente e tocava Sara Bareilles pela terceira vez naquele dia. Ela precisava da Sara, com suas palavras perfeitamente completivas aos sentimentos que pulsavam dentro dela.
E daí que ela estava nessa cidade fria? Ela se sentiria fria em qualquer lugar. Não era o frio da temperatura que a assustava, era o frio que queimava dentro dela. Capaz de gelar um deserto. Era frio de falta, de medo e de solidão, e o café fumegante teria efeito algum sobre.
Os pensamentos dela eram incompletos, ela desistira de completá-los há algum tempo. Ela sentia as vibrações do piano da Sara batendo contra sua mente, e resolveu render-se. Cantaria, alto, cheia de verdade, pra ninguém ouvir. Como aprendera, ter platéia não ajuda em nada, apenas rouba dela a verdade.
Mas dessa vez, ela cantava para as paredes, suas amigas, que nunca a roubaram. Cantava na intensidade do frio que a dominava por dentro. A cama desarrumada a abraçou mais uma vez, e o café fumegante compriu com sua parte de vício. Vício menos nocivo para ela que um outro, aquele de insistir no que dói na esperança de transformar em algo que valha a pena.
Mas sabe de uma coisa? Ela vale a pena. Cada partizinha dela, até o frio congelante interno, tudo nela vale a pena.
2 comentários:
Conheço uma coisa que esquenta mais que café!
;)
tudo nessa vida vale a penas, mesmo quando as palavras que usamos para dar significado a isso, possam não parecer as melhores...
E o que é que não vale a penas, ouvindo Sara Bareilles??
*mega empolgada com Sara
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