Ah, os pessimistas, aqueles que vêem a realidade do mundo, que não se iludem, nem se enganam. Acho que devíamos todos ser pessimistas. Não esperar o melhor das pessoas, nem das situações.
Um pessimista não espera um bom dia sorridente de uma bonita recepcionista, nem acredita em um por favor de um belo rapaz na fila da padaria que insiste que você passe a sua frente. Não, não. O pessimista acharia essa recepcionista dissimulada e o rapaz interesseiro, jamais acreditaria na gentileza dos gestos e palavras.
O bom pessimista não espera que as coisas dêem certo, ele espera que elas simplesmente não aconteçam, ou pior, que aconteça algo pior em vez de apenas não acontecer. Como se não bastasse perder o vôo, mas se o tal pessimista embargar de certo o avião cairá.
E os nãos? O amigo pessimista os conhece muito bem. “Para que aquele emprego? Para dar dinheiro ao governo?” “E aquela garota, porque namorar ela? Ela com certeza acabaria me magoando.”
Então, sejamos todos pessimistas. Sim. Realistas convictos, que enxergam além. Sejamos pessimistas. E Realistas. E infelizes. E incapazes de desejar, não é tão melhor ser assim? Praticamente insensíveis.
Afinal de contas, porque iríamos querer ser otimistas? Ter sonhos, metas, lutar pelo que quer, viver momentos simples e inesquecíveis, perder, ganhar, sorrir até doerem as bochechas, gargalhar até dar câimbras na barriga, chorar de alegria, chorar de tristeza, chorar de emoção, apaixonar-se? Não, né? Ser otimista dói, porque sentir dói.
Felizes são os pessimistas, que não se frustram. Os otimistas,
coitados, têm que ficar rindo de si mesmos e seguindo em frente.